Vivemos em um mundo em que temos 10, 20 prioridades máximas e quase tudo se tornou indispensável. Já não conseguimos nos desvencilhar das armadilhas de dar conta de tudo e fazer bem feito, ainda que isso demande todo e qualquer sacrifício. Afinal, o trabalho é essencial, sem ele não podemos viver!
O trabalho é sim essencial, o que não é essencial são as suas horas extras ou as horas de folga que você sacrifica para mostrar que é competente, ou ainda as diversas vezes que você checa seus e-mails e grupos de redes sociais corporativas para saber se há algo importante e urgente que deva ser feito.
E isso tem nos tornado tão estressados e sobrecarregados, que vivemos (ou sobrevivemos) esperando o final de semana chegar e quando menos esperamos a segunda-feira está prestes a bater à nossa porta.
Será que isso é tudo o que queremos para nossas vidas? Vê-la passar no automático esperando o final de semana, a aposentadoria ou as férias?
O principal problema está no fato de que não aprendemos a dizer não. O não é mal visto, já que se você não assume determinado compromisso, você não é eficiente o bastante ou se recusa um convite para sair é porque é antissocial. No entanto, quando não estabelecemos nossas prioridades, outras pessoas o fazem por nós.
Para viver o essencial é necessária a consciência de que não é possível ter tudo, precisamos desenvolver nossa habilidade de fazer escolhas. Cuidar de vários filhos, ser presente, educá-los e ainda resolver todos os problemas da empresa nem raramente é uma missão bem sucedida. A pressão social tenta impor que isso é sim possível e que todas as mulheres estão plenamente preparadas para todos esses papéis, mas a verdade é que mulheres maravilha não existem!
E por causa dessa pressão, presenciamos em todos os lugares pessoas ansiosas, depressivas e frustradas, simplesmente porque não conseguem cumprir com excelência todas as suas funções, acabam se sentindo culpadas e até mesmo inferiores.
Eliminar o não essencial possibilita ter mais tempo para viver o que é essencial, mas estamos tão sobrecarregados, que não nos sobra tempo sequer para questionar.
Você acredita que não será possível conciliar ter vários filhos e manter uma carreira no mundo corporativo? Então seja honesto consigo mesmo e abra mão de uma das coisas. Uma carreira de sucesso não necessariamente tem que ser aquela em que nos enxergamos de terno e gravata presidindo uma grande reunião. Ela pode ser também a execução de trabalhos manuais ou simplesmente ser mãe, ou pai, ou “do lar”, desde que você se sinta realizado cumprindo bem essa função.
Você pode escolher também não ter filhos, ter apenas um ou ter um animal de estimação e a única coisa que importa é que você esteja consciente das suas escolhas e dos resultados que elas implicarão.
Escolher não significa ser fraco, pelo contrário: significa que você tem a coragem de admitir que não pode controlar tudo. Estabeleça suas prioridades e pare de viver a vida que os outros querem que você viva, mas prepare-se para os julgamentos e não tenha medo de ouvi-los, afinal, você sempre será julgado por não fazer o que a maioria faz.
O livro Essencialismo: a disciplinada busca por menos é uma excelente referência para quem quiser aprender mais sobre como escolher o que é essencial.
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